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daquilo que vibra

poesia, opinião e devaneios; ou tudo isso junto e temperado

domingo, agosto 13, 2006

Lista de Vantagens do Parto Humanizado

LISTA DE VATANGENS DO PARTO HUMANIZADO - Dr. Ricardo Jones (obstetra, ginecologista e homeopata)
1.. Proporcionar ao seu filho a verdadeira experiência do nascer;
2.. Ter você a verdadeira experiência de dar à luz;
3.. Poder participar do nascimento do filho;
4.. Interação mãe-bebê imediata;
5.. Não TER cicatriz nem no corpo, nem no espírito;
6.. Possibilidade de dores abdominais por aderências, infinitamente menor do que em uma cesariana.
7.. Risco de hemorragias e infecções reduzido;
8.. Recuperação pós-parto praticamente imediata;
9.. BEBÊ recebe um aviso biológico de que sua hora de nascer está chegando e, portanto, prepara-se melhor para esse momento, vindo ao mundo com menos problemas de adaptação;
10.. Fica-se muito menos tempo no hospital, acarretando menos custos financeiros e emocionais;
11.. Acarreta menos riscos físicos e emocionais para mãe e bebê;
12.. A dor das contrações é muito menor do que as dores contínuas por pelo menos 2 ou 3 meses de um pós parto cirúrgico;
13.. É mais ecológico, pois dispensa todo o aparato moderno descartável que emporcalha o planeta;
14.. Menor índice de depressão pós-parto;
15.. Conexão espiritual com todas as nossas ancestrais;
16.. Oportunidade de um orgasmo indescritível e transcendental;
17.. Poder olhar seu filho olho-no-olho nos primeiros minutos de existência dele e perceber uma luminosidade ao seu redor;
18.. Poder cantar as glórias de ser uma mulher que confia em seu corpo e na fisiologia do parto;
19.. Ser um exemplo positivo pra mudar o paradigma tecnocrático vigente;
20.. Sentir-se ativa no processo;Para quem tem seu filho em casa existem mais vantagens ainda!!
21.. Não ver seu bebê nas mãos de um monte de gente antes de chegar no seu colo; 22.. Saber que ele nunca vai ser 'roubado';
23.. Seu bebê nunca vai ser alimentado com fórmula (mamadeira);
24.. Risco de infecção hospitalar 0%;
25.. Não ser confinada em uma cama e poder ir onde desejar;
26.. Poder comer e beber à vontade ao seu gosto tudo o q quiser;
27.. Poder ficar sozinha e no seu canto até quando desejar ter companhia e ajuda; 28.. Poder ficar na posição que desejar: em pé, deitada, andando, de cócoras, de quatro, pendurada na rede ou no abajur!;
29.. Estar na sua cama confortável com seu parceiro e providenciar algumas carícias pra acelerar o parto;
30.. Não ser monitorada por máquinas;
31.. Não ter o cordão umbilical cortado antes do tempo;
32.. Poder promover o silêncio e o escurinho necessário ao momento mágico;
33.. Não ser coagida à uma cesárea!;
34.. Nunca ter sua veia perfurada pra 'soro' ou outras drogas sem sua permissão; 35.. E, é claro, não ter os efeitos colaterais dos mesmos no seu corpo ou do seu bebê;
36.. Em caso de VBAC, você vai ter certeza que VAI SER UM VBAC mesmo!!
37.. Não precisar sair do seu 'porto seguro' para ir à uma instituição hospitalar, principalmente de madrugada!;
38.. Poder ir ao banheiro sem pedir permissão;
39.. Poder usar suas próprias roupas ou nenhuma!;
40.. Ter somente quem você deseja por perto;
41.. Fazer o que desejar com sua placenta: comer, usar como adubo para árvores, etc...
42.. Não ter avaliação de colo uterino depois do parto;
43.. Não ter ninguém te falando para tomar vitaminas, por está com cara de atropelada (depois de ficar a noite inteira em TP, alguém fica pronta pra uma festa?)
44.. "Vacinação/Imunização" natural no momento da passagem do bebê pelo canal vaginal. Explico: o bebê vive por nove meses em um ambiente estéril e, ao nascer de parto normal, recebe anticorpos da mãe. Assim ele já chega ao mundo imunizado. Já com a cesariana o bebê passa de um ambiente estéril para as mãos dos médicos etc., sem essa proteção natural da mãe...
45.. A compressão do canal vaginal espreme o bebê, mal comparando, como uma bucha, sai líquido pelos ouvidos, narinas. Ele já nasce sequinho, pronto para respirar. 46.. Psicólogos afirmam que o "trabalho" de parto é um processo de esforço importante para o bebê, um despertar de traços como perseverança, garra, vontade. O bebê não é passivo no parto normal, é ativo.
47.. O processo do parto desperta uma cadeia de reações hormonais (é o bebê que manda mensagens para o cérebro da mãe, e este desencadeia as reações hormonais do trabalho de parto) responsáveis pela descida do leite, pela diminuição do tamanho do útero para que volte ao normal e outros tantos efeitos. É um processo perfeito. 48.. A capacidade de entrar em contato com nossos medos e dores é trabalhada. Vivemos num tempo em que isso é visto como indesejável e há toda sorte de artifícios para se evitar o medo e a dor. Só que essa fuga trouxe para as pessoas apenas inabilidade, porque os sentimentos dolorosos não deixaram de existir na vida de ninguém.
49.. A maturação final do pulmão do bebê acontece durante o processo de trabalho de parto.
50.. Num parto normal você se conecta com as energias da natureza. Sabe o que isso significa? Não? Talvez tenhas que passar por esta experiência.

segunda-feira, julho 03, 2006

Você sabe o que é parto humanizado?


Cesarianas sem necessidade, antes da bolsa romper, sem respeitar o tempo natural do trabalho de parto; drogas colocadas no soro da gestante sem que ela seja consultada; não respeitar à lei que garante a mulher o acompanhante que quiser durante o parto; estes e outros crimes físicos e psicológicos fizeram que eu me conscientizasse de mais um problema do mundo moderno em que vivemos: a falta de autonomia da mulher durante um dos momentos mais importantes da sua vida, que é o nascimento de seus filhos.
A violência explode da sociedade para dentro da sala de parto. Ela está presente no atendimento à parturiente. Sabe-se que a violência se manifesta não só por atos de agressão física. Ela tem seu início em palavras e frases.
Quando a mulher reclama das dores escuta invariavelmente uma frase: "Estava bom na hora de fazer, agora agüenta", além de outras agressões verbais. É isso que a sociedade moderna e tecnológica nos oferece? E eu não me informei disso tudo com senhoras desocupadas que sempre que vêem uma mulher grávida contam uma triste história, ou outras pessoas que tenham o infeliz interesse de narrar o parto como uma experiência trágica, e não uma dádiva. Foram mães, amigas minhas, que passaram por experiências terríveis (em hospitais caros e médicos particulares), enfermeiras obstetras com mais de 40 anos de trabalho na área, psicólogos e médicos com renome internacional e, o mais importante, humanizados. Se vocês precisam de todos estes argumentos para acreditar que é muito melhor que uma criança nasça em casa e de maneira natural, tudo bem, justificativas tem várias. Mas o que abriu meus olhos foi saber que existe um movimento como esse, do parto humanizado, que luta contra às injustiças feitas com as mulheres e propõe a maneira mais bonita e verdadeira de um filho nascer. O parto humanizado garante a posição que a mulher quer parir, quem vai estar com ela, o local que ela vai escolher, a ausência do uso incorreto de medicamentos e anestesias, a total liberdade de movimentos até o bebê nascer, a ingestão de líquidos e comidas se for sua vontade, não fazer a dolorida e não necessária lavagem estomacal antes do trabalho de parto, ter o acompanhamento de uma doula (tipo especial de enfermeira) que pode aplicar massagens, relaxamentos e deixar a mulher mais segura e confiante, entre outras coisas.
Médicos que mentem durante todo o pré-natal, afirmando que o bebê vai nascer corretamente, sem estímulos artificiais, cesáreas forçadas, métodos doloridos para que tudo acabe rápido, está sendo o mais comum atualmente.
Pela OMS (Organização Mundial da Saúde) o índice recomendado de cesarianas é de 15%, mas no Brasil o “normal” é esta porcentagem variar entre 80% e 90%. É mais rápido para o médico, mais fácil, ele e o hospital vão ganhar mais dinheiro do que se fosse parto vaginal, vai poder agendar outras cirurgias pro mesmo dia e não perder tempo com gestante nenhuma. Mas afinal, de quem é o parto? Do médico que quer o benefício para si mesmo ou da mãe e do bebê que são os que realmente dão à luz?
No SUS acontece diferente, já que é mais caro para o governo uma cesariana, o médico e o hospital público que a evitar e realizar parto normal ou cirurgia só mesmo se precisar, recebem pelo seu trabalho, os que passarem do índice recomendado de cesáreas ficam sem o pagamento. É triste pegar eles pelo bolso, e não pela consciência.
Na Europa o controle de cesáreas sem necessidade real é bem mais rígido, e o parto domiciliar já é uma idéia aceita como o melhor a se fazer. É claro que o trabalho de parto pode ser difícil, e, frente a qualquer complicação previamente constatada, a mulher vai para um hospital e, se precisar, realiza uma cesariana. Só que a exceção já virou regra, e existem gestantes tão condicionadas ao sistema mentiroso em que vivemos, que não questionam seu médico, não pesquisam sobre os errados mitos do parto natural e domiciliar, se deixam serem enganadas e depois vivem frustradas porque percebem que algo não saiu como o esperado. Mas também tem aquelas que o modelo de vida artificial é considerado como o certo, então marcam uma cesárea para escolher o signo do filho como se marcassem uma hora no cabeleireiro. E isso não é piada, deu na Rede Globo, no programa da Ana Maria Braga, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Este artigo pode ser polêmico para alguns que nunca pensaram com atenção sobre este assunto, ou não estão nem aí com os direitos das mulheres. Para outros é mais um grito contra as mentiras do sistema, que tanto nos massacra. Mas o mais importante é que ele abra os olhos das mulheres que já são mães ou ainda vão ser, e ajude na luta destas que passam caladas por injustiças médicas e hospitalares.
Para uma informação muito mais completa, pesquise em:
www.amigasdoparto.com.br
www.partohumanizado.com.br
www.partodoprincipio.com.br

Sabrina Bochi dos Santos, grávida de seis meses do Santiago

segunda-feira, maio 29, 2006

Um olhar educativo



Não tinha como não colocar aqui este e-mail da minha professora de Projeto em TV. São de educadores humanos como ela que o Brasil precisa, e quando eles existem, precisam ser valorizados. Parece uma percepção simples o que ela escreveu, mas em quatro anos de faculdade encontrei muito poucas pessoas como ela, que realmente sabe o significado da palavra "professor".
Isso foi no sábado passado, quando fomos gravar o documentário na Ilha da Pintada.

ILHA DA PINTADA

Luiza Carravetta

Ontem, o dia estava lindo, o sol brilhando com seus raios de luz espargindo em todas as direções. A alegria do convívio com jovens alegres e felizes completava um sábado que poderia ter sido monótono.
O contraste de uma paisagem colorida de todos os matizes confundia-se com uma vida simples de pessoas que vivem do próprio local, fazendo da pesca o seu sustento e, do seu jeito, parecendo realizadas e integradas no seu mundo.
Talvez, para alguns de nós, aquele conceito de vida choque. Será que é por que temos muito? Será que os nossos problemas são maiores do que os que afligem aquelas pessoas? Somos exigentes demais? Nos contentamos com pouco?
A ilha da Pintada não é a ilha da fantasia. É uma ilha pintada com as histórias do seu Salomão e do seu Maroca, com as da ex-pescadora dona Sila, com as memórias da dona Terezinha, com as cores das telas da Izabel.
Os nossos atores sociais são vivos, de carne e osso, e a ilha é tão linda quanto a imagem, refletida nos seus olhos.
São eles que eternizam a beleza, contida no verde, na água, no contraste com a cidade de concreto, delineada na linha do horizonte de uma outra realidade.
São eles que nos interessam como seres humanos, poetas de um cotidiano de vidas niveladas, somente quebradas pelas ondas que chegam às margens, balançando as palafitas e agitando os corações.
São os olhos da realidade que nos fazem refletir sobre a vida da Ilha da Pintada, mas são os olhos da imaginação que nos permitem visualizar sonhos, descobrir a beleza da simplicidade, a verdade do ser humano.
Deus está no detalhe: na isca do anzol, no peixe fisgado na rede, no remo do barco, manobrado pelo menino, no decalco da janela de vidro “Deus é jóia, o resto é bijuteria”.
Deus está na Ilha da Pintada, Deus está em nossas vidas, Deus nos torna irmãos. Deus nos permite aprender sempre.
Meus queridos alunos, meus queridos amigos: agradeço a Deus a oportunidade de tê-los colocado na minha vida e de ter tido a oportunidade de conhecer mais de perto uma realidade tão distante da minha, mas não menos sensível ao meu coração.
Quem sabe se não é esse o toque de que o documentário precisa?
Luz e Paz.
Luiza

quarta-feira, maio 03, 2006

Palavras para ler nem sempre falam


O ser humano escreve porque questiona
A aceitação se faz quando as coisas tornam-se simples, com equilíbrio
E aí não precisa dizer nada
Quando não sabemos, gritamos, perguntamos
Se calamos a voz, ligamos o pensamento
Mas não há aceitação, há divagação que pode virar escrita
E tantas palavras para ler,
tanta poesia, tantos ensaios e mundos fantásticos que cabem no papel
Enquanto um gesto pode silenciar tudo

Existem momentos em que não sabemos dizer nada,
mas no papel pode nascer um universo
Há cenas que não temos como contar,
mas quando escritas podem passar o mesmo arrepio que sentimos na barriga
Há imagens que nos tocam da mesma maneira
Mas têm coisas que só podem ser vividas e nada mais
Nem uma foto, nem um livro, nem um filme ou uma canção
podem nos mostrar algumas raridades que a vida apresenta

E estas coisas que só podem ser "entendidas" se vividas
são tão simples e perfeitas que quem não passa
por estas experiências nunca irá sentir, nem ao menos imaginar,
a batida no coração que elas provocam
Ser mãe é uma delas
Vibrar com isso não tem palavras, nem escritas, nem vistas e nem ditas

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

E Raulzito já dizia...

Muita estrela, Pouca constelação
Raul Seixas (De: Raul Seixas/ Marcelo Nova)

A festa é boa tem alguém que tá bancando
Que lhe elogia enquanto vai se embriagando
E o tal do ego vai ficando nas alturas
Usar brinquinho pra romper as estruturas

E tem um punk se queixando sem parar
E um wave querendo desmunhecar
E o tal do heavy arrotando distorção
E uma dark em profunda depressão

Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação REFRÃO

O problema é muita estrela, prá pouca constelação

Tinha um junkie se tremendo pelos cantos
Um empresário que jurava que era santo
Uma tiete que queria um qualquer
E uma sapatão que azarava minha mulher

Tem uma banda que eles já vão contratar
Que não cria nada mas é boa em copiar
A crítica gostou vai ser sucesso ela não erra
Afinal lembra o que se fez na Inglaterra
(REFRÃO)


E agora vem a vem a periferia
O fotógrafo, ele vai documentar
O papo do mais novo big star
Pra'quela revista de rock e de intriga
Que você lê quando tem dor de barriga

E o jonalista ele quer bajulação
Pos new old é a nova sensação
A burrice é tanta, tá tudo tão a vista
E todo mundo pousando de artista

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Cinco Marias

Fabrício Carpinejar - livro Cinco Marias

Chega um momento em que somos aves na noite,
pura plumagem,
dormindo de pé,
com a cabeça encolhida.
O que tanto zelamos na fileira dos dias,
o que tanto brigamos para guardar,
de repente não presta mais:
jornais,
retratos,
poemas,
posteridade.
Minha bagagem é a roupa do corpo.

terça-feira, dezembro 27, 2005

E Feliz Ano Novo então!


O texto abaixo é ótimo, não me identifico com tudo mas achei uma boa. Foi extraído do "Manual para moças em fúria" que veio com a revista TPM de dezembro do ano passado. Ele tem um estilo HQ, com ilustrações bem legais e mostra o universo feminino de uma menira bem...humm, punk, digamos. Foi feito pelas jornalistas Jô Hallack, Nina Lemos e Raq Affonso.
A idéia é essa, deixe para trás os assuntos, poses, mesquinharias e todos que se meteram na sua vida em 2005. Claro que em 2006 terá mais gente louca, e chata, e legal, e amorzinho, mas reciclemos tudo e boas vindas para o Ano Novo!!


Assuntos que não aguentamos mais ouvir

Quando éramos crianças, morríamos de tédio quando parávamos em uma rodinha de adultos. Hoje, que somos adultas, continuamos morrendo de tédio quando paramos em uma rodinha de adultos. Tá, muitos são legais e nossos amigos.
Mas o que acontece é que muitas vezes os assuntos virão conversas burguesas, insignificantes e tediosas. Em mais um momento de fúria, decidimos fazer uma lista de assuntos tabus. Na verdade eles não têm nada de tabu. Por isso são chatos.

1 - Ioga Fazer ioga é incrível. A gente até faz de vez em quando. Agora, esse assunto virou tipo uma mania moderna nacional. Essas pessoas usam a ioga para ficar mostrando que são tão zens quanto a Madonna. Acontece que essas filosofias todas pregam o desapego e a não vaidade. Fora que esse assunto é muito chato. Dane-se que você já sabe fazer o shatanagashiva. Fora a patrulha da ioga, com o mundo inteiro dizendo que você tem que fazer, apesar de você nem conseguir colocar a mão no chão.

2 - Médicos Alternativos Que ótimo que você cuida de si mesma! Mas falar que "parou de comer carne porque dá prisão de ventre" no meio do almoço é no mínimo deselegante.

3 - Patrulha da análise Tudo bem que você adora Freud e acha um superinvestimento gastar R$ 150 em uma hora de conversa. Mas querer convencer todo mundo de que fazer terapia vai mudar a sua vida é uma chatura. Ainda mais quando a pessoa fala "você precisa", como se você fosse uma louca.

4 - Decoração em geral Falamos muito sobre isso. Agora mesmo está havendo uma discussão sobre o site da Marie Claire Maison. Acontece que quem fala disso fica tipo viciado. Como a gente que agora não consegue mudar de assunto. Pronto, mudamos, voltamos a falar sobre terapia.

5 - O exterior As pessoas amam demonstrar como são íntimas de países estrangeiros, pois já foram pro Sudão sete vezes. Adoram comentar sobre uma certa lojinha do SoHo, conhecem tudo sobre os arredores de Londres e contam como se beneficiaram da milhagem, objetivo que nunca atingimos (só conseguimos milhagem do ônibus 1001 Rio-São Paulo). Claro que viajar para a gringa é ótimo. Mas quando a gente vai parar de ser tão colonizado?!

quarta-feira, dezembro 21, 2005

O ano terminará igual

Eu fiz este artigo para a cadeira de Redação jornalística III.
E bem na real, é isso aí.
Só não meti mais o pau porque tinha que entregar à professora.
Sabe como é, jornalismo impessoal, nem que seja um pouquinho, hehehe.

O jogador de futebol Edmundo, o Animal como é conhecido, recebeu voz de prisão da polícia, na zona sul do Rio de Janeiro, por desacato à autoridade e por estar guiando bêbado. Ele saiu de uma boate com uma amiga nesta madrugada e entrou em seu carro para voltar para casa. Os policiais pediram para ele descer do automóvel, mas o jogador resistiu à ordem. Pelo depoimento da amiga, Edmundo disse que aquilo era uma palhaçada e que não iria descer do veículo. Acabou sendo levado para a delegacia onde prestou depoimento por toda manhã de hoje e pagou uma fiança de R$ 3 mil. O jogador vai responder em liberdade ao processo por desacato à autoridade e direção perigosa.
Quantos casos acontecem todos os dias de pessoas que dirigem alcoolizadas? Muitos. É quase normal o descaso com isso. Assistimos a tantas campanhas, não só contra dirigir embriagado, mas contra a AIDS, a prevenção de tantos cânceres, campanha contra a fome, é muita publicidade que cresce em cima desta “preocupação” mídiática em agir corretamente, com ética. Mas o que está sendo posto em prática? Pouco. É fim de ano, Natal, e encerramos 2005 com os mesmos acontecimentos de muitos anos passados... Uma celebridade, como o jogador Edmundo, comete uma infração - nada sério comparado a realidade criminal que o nosso país vive - e ele é exibido como prêmio nos jornais do dia seguinte. Por que com ele a campanha deveria fazer efeito, e se não fez, a nossa polícia soube dar a lição necessária. Mais um que a polícia brasileira tentou subornar enquanto deixou de fazer o seu trabalho. Mais um ano que vai acabar. Bem parecido com o Brasil de ontem, não acham?

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Passou


Basta ele abrir um sorriso...e tudo está resolvido.
Tudo.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Salve F. Jorge!


Salve Frank Jorge! Porque a tietagem comeu solta!
E uma salva de palmas ao Conjunto 51!!
Tudo e mais um pouco no backstage da festa de encerramento da 51ª Feira do Livro de Porto Alegre. Dani Krugão, eu, Frank e Mine no Opinião.
Ah, e lá atrás as cevas e os refris que os chinelões saquearam. Que barbaridade.

segunda-feira, novembro 28, 2005

Esta música eu ouvi pra você


Escravo da Alegria
(Composição: Mutinho e Toquinho)

E eu que andava nessa escuridão
de repente foi me acontecer
me roubou o sono e a solidão
me mostrou o que eu temia ver
sem pedir licença nem perdão
veio louca pra me enlouquecer

Vou dormir querendo despertar
pra depois de novo conviver
com essa luz que veio me habitar
com esse fogo que me faz arder
me dá medo e vem me encorajar
fatalmente me fará sofrer

Ando escravo da alegria
e hoje em dia, minha gente, isso não é normal
Se o amor é fantasia
eu me encontro ultimamente em pleno carnaval

Vou dormir querendo despertar
pra depois de novo conviver
com essa luz que veio me habitar
com esse fogo que me faz arder
dá medo e vem me encorajar
fatalmente me fará sofrer

Ando escravo da alegria
e hoje em dia, minha gente, isso não é normal
Se o amor é fantasia
eu me encontro ultimamente em pleno carnaval

segunda-feira, novembro 21, 2005

Lindinhos



Vocês são uns lindos
Dedé e João na correria da 51ª Feira do Livro de Porto Alegre
Muack!

vida pós-Feira


Acabou
Acabou a Feira do Livro
Acabou meu trampo literário de seis meses
Acabou a expectativa
Acabou as 10 horas de trabalho em pé diário
Acabou as idéias
Acabou as desculpas para não voltar a DANÇAR. dançar em letras maiúsculas mesmo
Não acabou o medo
Não acabou a lembrança de estar tempos parada, lesão, remédios, fisioterapia, falta de grana, falta de tempo, mudança do antigo ambiente de dança-trabalho, escolha de para onde ir, zerar tudo de novo
Não acabou a inércia de não saber assumir
Mas começou muito
Muito começou em tão pouco tempo
Começo de coisa boa
De tempo quente e feliz
De coragem bem forte
De certeza
De liberdade
De muito amor
De acordar de manhã e não saber para onde ir
E ter que olhar tudo isso de frente
Tudo isso começou a me olhar na cara
...

sexta-feira, novembro 04, 2005

La Bruja


"Sabrina, la bruja adolescente."
Juan Claudio Lechín, escritor boliviano.

Um boliviano mui charmoso, que diz ser surfista da contra-onda do lago Oititica.
A Feira tem dessas.

terça-feira, novembro 01, 2005

Poesia Microchip

"Poesia microchip agride hippie, rastafari, boemia e rock'n roll
Por essas e outras é que penso: o que será do senso? O que será do soul?"

banda Fazenda Modelo - RJ

Esses caras são ótimos, tem muita coisa boa.

quarta-feira, outubro 19, 2005

Wu Ming e Cavazzoni na Feira

Pessoas
A Feira do Livro é ótima e tem toda sua programação gratuita, com participantes locais, nacionais e internacionais. Mesmo assim muitas palestras ficam vazias, e a galera continua reclamando que por aqui não acontece nada...
Fiquem ligados nos eventos e aproveitem as mesas-redondas, peças de teatro, saraus e a cervejinha de fim de tarde na Praça. Abaixo, e em primeira mão, duas palestras muito fodas que vão rolar, só pra dar um gostinho.

Presença Italiana: WU MING 3 – De Luther Blisset à aventura Wu Ming de prosa coletiva: os revolucionários da literatura sem nome e sem rosto
O coletivo Wu Ming nasceu em 1994, na Itália, quando quatro rapazes de Bolonha criaram uma persona chamada Luther Blisset e, por meio dela, declararam-se em “guerrilha midiática” contra toda a sociedade do espetáculo e seu braço mais influente, a imprensa. Com a participação do Wu Ming 3 Luca Di Meo e mediação de Lena Kurtz e Cristiane Finger.


Presença Italiana – Ermanno Cavazzoni
Absurdos verossímeis e a busca de sentidos inusitados na literatura
Herdeiro da literatura pós-guerra e influenciado principalmente por Kafka, Beckett e Svevo, o escritor e professor universitário Ermanno Cavazzoni sabe que o absurdo nos rodeia e prefere associar-se a um humor nonsense e rir das situações a ter de simplesmente negá-las. Seu livro O Poema dos Lunáticos foi filmado por Federico Fellini (A Voz da Lua), tendo como co-roteirista o próprio Cavazzoni. O escritor será recepcionado por Donaldo Schüller e Antônio Hohlfeldt.

segunda-feira, outubro 10, 2005

Cachaça para quem precisa


- Pô! Tu já vai embora, minha samambaia?!

Essa é só uma das histórias insanas que eu ouvi e vivi
na Cachaça de Casa Nova do André, sábado passado. Teve muuuitas outras que, se
o danificado cérebro permitir, vou ir me recordando ao longo da semana. Ou não.

Saldo pós-festa:

- meio piercing no chão da cozinha
- piso da porta dos fundos quebrado
- uma carteira perdida
- duas Norteñas quentes
- e otras surpresitas más

sexta-feira, outubro 07, 2005

Hahaha

Assis Brasil aqui na CRL


"Vou eligir um monumento à você"
Luiz Antonio de Assis Brasil

Ganhei meu dia...
E só tive que resolver uns probleminhas na participação dele,
na programação da Feira.

quinta-feira, outubro 06, 2005

Hélio Pirú, o amigo da Kátia Flávia.


Como diz o André: "o mundo é um grande orkut".

- É um que é careca?!
- É!
- Mulato?!
- É!
- Usa óculos e é colorado doente?!
- É! É!
- Então é o Hélio Pirú!

Descubro nesta manhã que o Hélio Pirú, o amigo da Kátia Flávia, é amigo do meu pai.
Trabalharam juntos por anos.
Hélio gostava de constranger os amigos fingindo que era gay. Dava gritinhos e agarrava os colegas de trabalho pela rua.
Foi para as grotas que Judas perdeu as botas lá da Bahia atrás de uma morena. Ficou dois anos, não deu certo, voltou. Meu pai diz que ele é podre de malandro.
Bom, agora só me resta descobrir quem é a Kátia Flávia.

terça-feira, outubro 04, 2005

Kátia Flávia. Não é uma louraça belzebu provocante.


Um calor insuportável. Saio do mesmo restaurante que quase sempre almoço. Dois colegas de trabalho estão comigo e desviam da traseira de um carro que estava saindo da garagem. Na minha vez de passar a louca da motorista dá uma ré com tudo e bate no meu braço. Grito todas as coisas que consigo num momento de catarse, e o meu azar não pára por aí.
Tento depositar meu salário, acabo indo a quatro bancos. As filas não andavam, até que no quarto resolvo encarar. Tinha televisão e tava passando um jogo do Brasil X Turquia, e o Brasil estava ganhando.
Chega na minha vez e o caixa diz que o dinheiro não entraria hoje. Faço uma cara de pânico total, fico muda e apavorada. O cara resolve ajudar, disse que era para eu ir na agência do cheque e procurar a "Kátia Flávia". Detalhe: eu tinha que dizer que era amiga do "Hélio Pirú", vulgo o caixa que estava me atendendo. E ele repetia:

- Sabe mentir?
- Sei...
- Então vai lá e procura a Kátia Flávia!

Bem, sem saber se ria ou se chorava fui para uma reunião na Casa de Cultura. Encontro uma das pessoas que me esperava. Cartunista, designer, ilustrador, quadrinista e tudo mais. Ele era lindo, achava-o lindo desde a primeira vez que o vi, era lindo até o momento de abrir a boca:

- Você sabia que as pessoas usam vários lugares da Casa para trepar?
- Hum...
- É, fica tudo muito vazio, sem segurança. Dizem que o banheiro do 2° andar é o preferido.
- ...

Para o meu alívio ele pega um papel, uma caneta e resolve desenhar. Diz que vai desenhar a história da galinha, que ele não parava de contar que mandou para um festival de desenho na França cujo 1° prêmio era uma vaca. Mas não qualquer vaca, e sim A vaca, como ele ressaltava.
A caneta falha.
É a minha chance.
Fujo rapidamente, são 15h40 e eu ainda poderia encontrar a Kátia Flávia. Caminho apressada, a agência do banco é longe. Um mendigo dá um pisão no meu calcanhar e tira minha sandália do pé. Exausta, com pressa, impaciente, pronta para mandá-lo ao quinto dos infernos, desisto. Ele estava muito bêbado e balbuciava uma tentativa de desculpas.
Chego na porta do banco que já estava fechando. Há umas 50 pessoas lá dentro tão putas da cara como eu. Imagino eu entrando lá e procurando ela, a Kátia. Só por passar na frente da fila e ir falar com ela no caixa, seria linchada. Um filme da minha dolorida tarde passa rápido na minha frente enquanto olho a porta do banco. Vou embora sem salário e com uma cólica absurda que me acompanhou o tempo inteiro, em todas as minhas tentativas sem sucesso de ter um dia normal. Lembro do nome da banda de um conhecido: "Podia ser pior". Sim, podia. Não devia ter saído de casa hoje. Pelo menos é sexta-feira e eu vou dormir muito no final de semana. Claro, se a Igreja Filha da Puta Universal do Reino de Deus, que tem no meu bairro, não me acordar com o descarrego matinal.


30/09/2005

quarta-feira, setembro 28, 2005

reflexãonostálgicafeliz


alguma coisa está mudando
eu não vivo mais morrendo de saudade
pelo menos por agora
e era uma saudade sempre de não sei o quê
sempre
ou alguma coisa está fora da ordem
porquê faz tempo que a ordem é a mesma
e eu realmente acordava todos os dias com saudade
há muito tempo
lá dentro do peito
só sei que a cada dia explode um coquetel molotov novo na minha mão
ou uma pedra quebra a vidraça
joão acha isso
tenho medo de como tudo acontece tão rápido na minha vida
mas sempre gostei disso
de ser rápido e de ter medo
estou muito, muito feliz
só não quero parar de sentir saudade

Física?


"Tá rolando um festival de cinema aqui no Rio que é como se fosse a Feira do Livro aí de POA. É um lance que mobiliza toda a cidade, e fica o maior cheiro bom de cultura no ar.
Hoje eu fui com o Hodo assistir a um filme, e teve uma parte que me lembrou, de certa forma, vc. Era um filme sobre umas teorias de física quântica (!), coisas que pessoas como nós já acreditam a muito tempo. Coisas do tipo "pensamento positivo", "todas as coisas são feitas de energia", etc. Só que a física está começando a provar isto cientificamente."

Mauro acha isso. E depois de quase dois anos ele lembra da amiga dele aqui, graças à Física Quântica.

E o André acha isso:

"É possivel que se descubra um tempo imaginário perpendicular ao tempo real. Então, não haveria princípio nem fim. O espaço existiria independente de criar-se ou destruir-se"

(Stephen Hawking - físico, aquele tortinho na cadeira de rodas.)
achei bem legal, não sei se vc gosta de teorias fisicas, mas me fez lembrar de vc.

Bom, depois destas duas bizarras lembranças, na mesma semana, estou pensando seriamente em entrar para este mundo. Logo eu. Hahahahaha.

Tá, tá certo que quando percebo estou filosofando sobre os mais inusitados assuntos. Já devo ter falado em física e nem percebi. Ou sou parecida com o Einstein.

segunda-feira, setembro 26, 2005

Los Hermanos, óbvio (plagiando a Rafa)


"E até quem me vê lendo o jornal na fila do pão sabe que eu te encontrei"

ÚLTIMO ROMANCE (Rodrigo Amarante)
Sim, Los Hermanos até a última gota...

quarta-feira, setembro 21, 2005

Uma frase na minha cabeça


"Para termos segurança precisamos ter esta conversa dentro da sua cabeça"

The Creation of the World and Other Business (1972)
Peça de Arthur Miller, quando Lúcifer entra no sonho de Eva

terça-feira, setembro 20, 2005

O 1º dia da Primavera


bocas secas
bocas-desejo
bocas com sede
entre olhares
entreabertos
entre atos
claro e escuro
tato e toque
cheiros
e o que fica
desinventa
acende
atenta
colore
primavera

quinta-feira, setembro 08, 2005

7 de setembro


Nasceu!!!!!
A Gordinha mais linda nasceu com três quilos e duzentos gramas.
Parabéns mamãe Rafa, amo muito vocês!!!

Ah, claro que o 7 de setembro teve muitas outras coisas.
Grito dos Excluídos do Largo Glênio Peres somente até o Palácio Piratini (apenas por que "eles" não deixaram a gente seguir adiante)
Música, Dança, Teatro e Capoeira na Usina
E um pôr-do-sol abençoado...
Mas a chegada da neném, é claro que foi a maior alegria deste meu dia...

sexta-feira, setembro 02, 2005

Namoro Novo


Não insista em mim
Não esgote seu tempo
Não desgaste seu papo
Devaneios ao vento

Não insista em mim
A você não valho a pena
Não esclarecerei nada
Da sua vida pequena

Não lhe mostrarei nenhuma
Idéia que tenha em vista
Nem princípios ou filosofia
Eu digo: ”Em mim não invista!“

Não arrisque os dados
Em rodadas vibrantes
Não penhore o bolso
Se não pode lucrar

Desperdiçando momentos
Cruciais na memória
Não podendo vencer
É melhor não jogar

Não insista em mim
De mim nada pode exigir
E se desaponto em algo...Eu disse para não insistir

Dudu Gemmal

quarta-feira, agosto 31, 2005

Para fechar o mês do cachorro louco


No elevador, dois velhinhos conversam:

- Tá com frio?
- Não, tô com medo do Lula.

Tenho um ataque de riso no elevador cheio, sozinha.
O que tem medo continua:

- É, agostinho é brabo, Getulinho se deu um tiro em agosto.
- É, deram um tiro nele.
- É.
- É.

E assim começa a minha primeira risada do dia.
Por que tem que rir muito mesmo.

Nota: Isso aconteceu no dia 24 de agosto, data em que o ex-presidente, Getúlio Vargas, se matou com um tiro no ano de 1954.

sexta-feira, agosto 26, 2005

Vão


A incompletude do desejo
Interrompe a espera vestida de colorido
E a vontade de roupa vermelha
O vazio é cor de pedra

Limpar o resto que um dia foi preenchido
Cuidar para deixar tudo em ordem
Levar apenas o necessário
Lavar a boca invadida
Devastar o infinito
Ir embora com o que sobrou nas mãos
Contar os pontos que brilham no céu
Não ter céu
Não querer chão
Caminhar entre o fim dividido em dois
Escolher
Pular fora antes que a tarde queime
Negar qualquer reação
Renegar um desejo outro
Completar os passos velozes
Pintar arco-íris nos olhos


Pra essa aqui a poesia da linda Fê Luz me inspirou, e como me inspira essa menina.

quinta-feira, agosto 25, 2005

Arde

Aquilo que arde em mim tem um tempo de reprodução
Onde começa num sabor que a saliva absorve
E depois joga para o cérebro em forma de prazer...
Isso provoca tontura e faz perder devagar a visão e o foco
O foco fica embaçado
Tanto o do olhar como o da imaginação
O corpo inteiro começa a formigar
E aí já não abro os olhos
O que arde em mim sufoca
E quando o ar sai, ele sai quente
O que está ardendo é tão bom e tão forte que dói
Dói e ameaça doer muito mais
Aquilo que arde não tem rosto
Só pressão
Aperto no peito e estômago
Mistura gases e calor e queima sob a pele
Aquilo que arde queima e é anestésico
Porque depois vira morfina
Sossega
Senta e abre os olhos
Cala o grito
Aquilo que arde fica dias pelo meu corpo
Me perseguindo

quarta-feira, agosto 24, 2005

Quero escrever o borrão vermelho de sangue

Quero escrever o borrão vermelho de sangue com as gotas e coágulos pingando de dentro para dentro.
Quero escrever amarelo-ouro com raios de translucidez.
Que não me entendam pouco-se-me-dá.
Nada tenho a perder.
Jogo tudo na violência que sempre me povoou,
o grito áspero e agudo e prolongado,
o grito que eu,
por falso respeito humano,
não dei.
Mas aqui vai o meu berro me rasgando as profundas entranhas de onde brota o estertor ambicionado.
Quero abarcar o mundo com o terremoto causado pelo grito.
O clímax de minha vida será a morte.
Quero escrever noções sem o uso abusivo da palavra.
Só me resta ficar nua: nada tenho mais a perder.

Clarice Lispector

E assim, na voz de Clarice, cumprimento aos que aqui chegarem,
para ler os meus escritos, e os dos quais admiro.